segunda-feira, 12 de setembro de 2011

*
Perdoe-me o destino se me nego ao conformismo,
se o pouco ou o incerto não me basta,
se procuro o riso no lugar da melancolia!

Perdoe-me a vida se não aceito dias breves,
nem mesmo pq acordo tarde e os lençois me prendem todas as manhãs

Perdoe-me o amor se não espero, se o meu coração bate duas vezes mais q o comum mortal

Perdoem-me... se vos deslizo...

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Embriaguez

Embriagaste-me de amor,
nem percebi quanto bebia.
Só ao provar o teu calor
ao beber, aquele ardor,
compreendi o que sentia.

Após tanto tempo ausente,
de sentimentos abstinente,
foi com a tua embriaguez
que tive a minha lucidez.

Agora ando alterado,
até perdi a timidez.
Três shots de carinho,
uns copos de mimado.
Ainda tenho este vinho
que o meu coração fez,
só para ti amor...
... Este, é adoçado!


Este poema foi um dos seleccionados, juntamente com o "Saber a Mar", para fazer parte do evento "Poemália", que se irá realizar dia 12 de Junho, já no próximo domingo pelas 14 horas, na Bertrand do Forum Barreiro.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

despe-me...

sim, quando penetras profundamente com o teu olhar

nas minhas palavras, no meu olhar,

despes-me

e agarras-me naqueles instantes em que te afastas

(foges)


acelera-me...


sempre, quando atravessas rapidamente com a tua boca

nos meus medos, no meu olhar,

aceleras-me

e queimas-me naqueles lugares por onde deslizas

(foges)

quinta-feira, 10 de março de 2011

Viagem ao Núcleo



Por entre conversas banais, típicas á mesa de um café,
tento afastar-me e viajar até ao núcleo.
Implodir palavras até tocar os pensamentos.


Admito que é uma jornada solitária,
mas não confundas com solidão.
Continuam a solicitar minha atenção.

São como um problema no motor de arranque.
Se me ignorarem, talvez consiga funcionar.
E quando abalar …
Nessa altura ninguém me segura.
Passo a Ser ausente, vêem-me por fora
mas não estou presente.

Contudo, vou ter de aguardar...
Outra vez o motor com problemas no arranque.
É então que decido voltar á mesa do café.
- Desculpa, não ouvi. Podes repetir?




quarta-feira, 9 de março de 2011

"Não importa onde você parou...
Em que momento da vida você cansou...
O que importa é que sempre é possível recomeçar.
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo...
É renovar as esperanças na vida e,
o mais importante...
Acreditar em você de novo."

Carlos Drummond de Andrade.

terça-feira, 8 de março de 2011

FICO ALI

Perco-me por aí…
Parece que nada permanece, de pé aqui.
Deixo-me ir e acabo inebriado.
Absorvido por palavras, olhares, pensamentos.
Esboço um sorriso que se apaga,
ao vacilar nesta peleja interior.
Sento-me mas não quero ficar.
Saio quando queria entrar...
O meu mundo é calado.
Tudo o que guardo cá [dentro]
É clandestino para ti...
Fico ali só, como encantado, 
a sonhar que te tenho um dia.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Saber a Mar

Imagem de Larry wall - "Big blue wave"

Abraça-me gelado, aquece-me a alma,
irrelevante se tenho medo ou desejo,
só peço que sejas meu aliado
se é dentro de ti que me revejo.

Uma valsa molhada, tornado de calma...
Dás-me alegria, eu devolvo em paixão.
E, por momentos, a tristeza é algemada
no bailado da tua imensidão.

És alento na minha vida,
Amor no meu organismo.
Por ti evito a recaída,
contigo fugi do abismo!

E aos poucos fiquei viciado,
já nem reparo no teu aspecto,
é onde me sinto mais abrigado
neste templo que não tem tecto.

Vais fazer parte do meu mundo
até se cansarem que eu viva,
amando até a Mulher mais bela
para sempre serás a minha Diva.





sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Boca e Mente

Alimento incoerências...
Engulo o que sinto,
digo o que não penso.
São diferentes frequências.
Tanto minto, omito, como engano...
Violo a vontade
e rasgo palavras,
mutilo o pensamento.
Chego a casa em sangue,
mas falta-me o sono.
Contudo não largo o chicote,
quero sofrer mais um pouco.
Ainda não me dói o lombo
como acho que devia.
Queria?
Então prolongo o meu festim...
Auto-flagelação, porque não?
Finalmente a doer, começo a gostar.
Obviamente que persisto.
Serei masoquista?
Sádico, dupla personalidade.
Ou talvez...
Sejam só requintes de malvadez.

A mente, por vezes, entra por caminhos que de fora não
consigo ver, alheado que estou a observar o mundano...

Imagem - "O Grito" de Munch.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Sempre que ouço esta música, lembro-me de ti...



Sitiados - A Noite

Ela sorriu e ele foi atrás
Ela despiu-o e ela o satisfaz

Passa-se a noite
passa-se o tempo devagar
já é dia
já é tempo de voltar


Aqui ao luar ao pé de ti

ao pé do mar
só o sonho fica
só ele pode ficar.

Pensamentos

Já o escrevi há algum tempo mas, neste momento, aplica-se na perfeição...

Sinto-me privilegiado por acreditar francamente que nada acontece por acaso.
E tudo tem uma razão de ser...
Que a vida tem o seu rumo e nós vamos optando, caminhando,
perdendo e vencendo ao longo do nosso destino.
Isto ajuda-me bastante a aceitar tudo aquilo que não controlo.
Todas as contrariedades que surgem no meu caminho.
Permite-me sentir gratidão por tudo de bom que me acontece.
Gratidão, que sentimento tão saboroso...
Agora, o grande desafio é perceber o que realmente depende de mim.
Por isso, trabalho, luto, conquisto, caio e levanto-me de novo.
Sempre de cabeça erguida.

De uma coisa tenho a certeza.
A vida ama-me e eu amo-te de volta.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Agora!

Perpetuem-se memórias e esquecimentos
tudo num ápice,
[num fôlego só!
Projectem-se aspirações e derrotas
tudo num campo,
[numa batalha só
Horizontalizem-se os pontos de fuga e as perspectivas

tudo numa folha,
[numa linha só!
Recriem-se labaredas e cristais gelados
tudo num hemisfério,
[numa estação só!
Procurem-se…

tudo num olhar só!

e não menos que tudo… AGORA!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

perdidamente...

Tenho por certa a incerteza de amar sem estranheza como se nada tivesse que saber nem requerer... como se quando o nosso coração nos escapa, imune aos nossos medos, nós nos reencontrássemos... perdidamente...

O desejo de ser cão

Algo não está bem quando surge o desejo de ser cão.
De urinar sem pudor num arbusto qualquer
Ou correr estupidamente atrás de carros
Sem ter uma responsabilidade sequer.

Algo não está bem quando receio o coração.
Pesa-me a consciencia, mas nego o sentir.
E acabo a fugir de um qualquer amanhã...
Isto só passa quando páro, olho para trás
E percebo que, na verdade, mais valia ter sido cão.

Felizmente, só por hoje… Não!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Memos UM

As fotos, cábulas da memória
E não só elas…
ofereçam-se também os cheiros
dos lugares e dos perfumes
[guardados
e temos os sentidos acordados


E os sons, são despertadores
e não só eles…
provoque-se um toque de pele, na nossa pele…
ou um roçar suave de um beijo
[no rosto
e não há sono que nos chegue, aposto!
.
.
.

Vida de Cão

"Quantos destinos nos abandonam ao entrarmos no caminho dos homens? Quantos caminhos abandonamos no destino que seguimos?
Invocamos o coro e a estrutura das tragédias para traçar o conflito que a todos nos percorre.
O conflito que se ergue entre aquilo a que aspiramos e aquilo que fazemos, entre o que lembramos e o que crescemos, entre o que amamos e o que tememos.
Pois, ao olharmos o cão tinhoso vemos também o cão que somos: o cão do medo, o cão da guerra, o cão colonizado, o cão colonizador, o cão coragem, o cão da decadência, o cão de fantasia, o cão da ingenuidade, o cão criança adulta, o cão fatalidade. Porque todos os gestos que desenhamos no exterior já aconteceram antes disso dentro de nós. E aquilo que ao mundo damos, seja morte ou seja amor, só a nós oferecemos em silêncio. Mas quando o destino nos escolhe, qual é o destino que escolhemos?"

Extraído do livro "Nós matámos o Cão-Tinhoso", de Luís Bernardo Honwana.