Alimento incoerências...
Engulo o que sinto,
digo o que não penso.
São diferentes frequências.
Tanto minto, omito, como engano...
Violo a vontade
e rasgo palavras,
mutilo o pensamento.
Chego a casa em sangue,
mas falta-me o sono.
Contudo não largo o chicote,
quero sofrer mais um pouco.
Ainda não me dói o lombo
como acho que devia.
Queria?
Então prolongo o meu festim...
Auto-flagelação, porque não?
Finalmente a doer, começo a gostar.
Obviamente que persisto.
Serei masoquista?
Sádico, dupla personalidade.
Ou talvez...
Sejam só requintes de malvadez.
A mente, por vezes, entra por caminhos que de fora não
consigo ver, alheado que estou a observar o mundano...
Imagem - "O Grito" de Munch.