quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O desejo de ser cão

Algo não está bem quando surge o desejo de ser cão.
De urinar sem pudor num arbusto qualquer
Ou correr estupidamente atrás de carros
Sem ter uma responsabilidade sequer.

Algo não está bem quando receio o coração.
Pesa-me a consciencia, mas nego o sentir.
E acabo a fugir de um qualquer amanhã...
Isto só passa quando páro, olho para trás
E percebo que, na verdade, mais valia ter sido cão.

Felizmente, só por hoje… Não!

4 comentários:

  1. se por vezes nos apetece mergulhar na mais pura irracionalidade, a fuga ao sentir... "felizmente" sentimos a vida, e de alma inteira, sentimos o presente, a dor e o sorriso e quando nos abrimos ao mundo... VIVEMOS!!!

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  2. A dor e o sorriso. A tristeza e o amor. Tudo o que preciso... Só para viver.

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  3. Pequenino Cão
    Simone

    É a qualidade das paixões de quem procura
    ser maltratando maltratando a criatura
    Adormeceu em minha mão, como um menino
    Sol sem destino, um pequenino cão.

    Se a vida abraça a redenção das amarguras
    Você não faça a eternidade na tortura
    Entorpecendo o coração a gente espanta
    O passarinho por pavor ou medo.

    Eu sei que o certo sem sabor é a tua loucura
    Eu sei que a côr do teu amor é muito escura
    E sem poder te dar à luz, meu coração, eu durmo cedo
    E só te peço amor: não me abandone mais.

    Quando desperto e vejo na porta da frente
    Uma saída, minha vida, noutra vida diferente
    E sem poder te dar à luz, meu coração, eu durmo cedo
    E só te peço amor: não me abandone mais.

    Bonita letra...
    Agora é a minha vez de partilhar uma contigo.

    Passos em Volta
    Jorge Palma

    Quando o sol chegou aos subúrbios da cidade
    Anunciando mais um dia igual aos outros
    Ele acordou e pressentiu
    Que hoje o seu dia ia ser diferente
    Sentiu nos lábios o sabor
    Dum sorriso finalmente triunfante
    Escorregou da cama
    E contemplou o espelho sorridente

    Acabou-se a incerteza dos seus passos em volta
    De um sentido que ele nunca encontrou
    Pela primeira vez tinha o destino nas mãos
    Desta vez ele não duvidou

    Sentiu-se invadir por uma estranha lucidez
    Que o conduzia pelas calhas do passado
    Serenamente descobriu
    Que afinal tudo tinha o seu sentido
    Levou o olhar á janela
    Lá em baixo a rua estava abandonada
    Levantou o fecho
    E de repente alcançou a liberdade

    Acabou-se a angústia dos seus passos em volta
    Dum amor com que ele apenas sonhou
    Pela primeira vez tinha o futuro nas mãos
    Abriu a janela e voou

    Abraço e bem vindo, Pensador.

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